A Câmara Municipal de Grossos, localizada no litoral do Rio Grande do Norte, protagonizou um episódio que gerou perplexidade entre os cidadãos do município. O atual presidente da Casa Legislativa, Dauster Renald, convocou uma sessão extraordinária para eleger a presidência da Câmara referente ao biênio 2027/2028, uma decisão tomada com significativa antecedência, que despertou críticas e questionamentos de lideranças locais e da população.
Com a chegada de recursos públicos que prometem transformar o município em áreas como saúde, educação e infraestrutura, a expectativa era que os vereadores priorizassem a fiscalização e o acompanhamento da aplicação desses investimentos. Entretanto, a antecipação dessa eleição, prevista para ocorrer apenas no futuro, gerou dúvidas quanto às intenções e prioridades da Casa Legislativa.
Rumores circulam entre os moradores, sugerindo que o presidente da Câmara estaria adiantando a eleição do segundo biênio por conta de processos judiciais que envolvem a atual prefeita do município. Com diversos processos em andamento, há a possibilidade de que ela perca o mandato. Nesse cenário, caso o presidente da Câmara seja eleito para o biênio 2027/2028, ele assumiria a cadeira de prefeito de forma interina, caso a prefeita seja afastada. Muitas pessoas acreditam que essa movimentação tem como objetivo garantir a candidatura do presidente da Câmara ao cargo de prefeito, caso a prefeita venha a perder o mandato.
Vale ressaltar que o Supremo Tribunal Federal (STF) já declarou inconstitucional a prática de antecipação das eleições do segundo biênio nas casas legislativas municipais. Essa decisão do STF tem gerado ainda mais questionamentos sobre a legalidade e a transparência de ações como a realizada pela Câmara de Grossos, que, ao desconsiderar essa jurisprudência, pode estar criando um cenário de instabilidade política.
Nas redes sociais e nas ruas, a insatisfação da população é evidente. Muitos moradores consideram a decisão desconectada das necessidades urgentes da cidade. “Grossos precisa de vereadores que fiscalizem os recursos e resolvam os problemas atuais. Antecipar a eleição para 2027 é uma afronta à lógica e ao povo que os elegeu”, comentou um morador que preferiu não se identificar.
Embora a antecipação de eleições internas não seja inédita no cenário político brasileiro, ela frequentemente gera críticas por incentivar disputas precoces e desviar o foco de questões mais relevantes. Para muitos, a movimentação reforça a percepção de que interesses pessoais e políticos estão sendo colocados acima do bem coletivo.
Com recursos que têm o potencial de transformar Grossos, é essencial que a Câmara Municipal exerça seu papel de forma transparente e eficiente, garantindo que os investimentos atendam às demandas da população. A decisão de antecipar a eleição, porém, parece expor um distanciamento preocupante entre os representantes e os interesses da comunidade.
O episódio destaca a importância da participação popular e da vigilância constante sobre as ações legislativas. Apenas por meio de uma cobrança ativa e contínua será possível promover uma gestão pública mais alinhada aos interesses e às necessidades reais da população.
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