Por [Ronny Holanda]
A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), que construiu sua carreira política como defensora da educação e dos professores, tem adotado uma postura contraditória ao parcelar direitos da categoria e ignorar suas reivindicações. Em mais um capítulo de desvalorização do magistério, o governo anunciou que o reajuste do piso salarial será pago em duas parcelas: 4% em abril e os 6,27% restantes apenas em dezembro.
A decisão, amplamente criticada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação (SINTE/RN) e pelos professores da rede estadual, foi considerada um retrocesso e um desrespeito à categoria. Além do parcelamento, o governo não apresentou qualquer garantia para o pagamento dos valores retroativos, deixando milhares de profissionais sem a remuneração devida. Para justificar a demora, o Executivo alega que aguarda um parecer da Procuradoria Geral do Estado (PGE), um discurso que tem sido recorrente sempre que se trata de compromissos financeiros com a educação.
Educação como mercadoria
Ao adotar a estratégia de fatiar os salários dos professores, o governo Fátima Bezerra age como se a educação fosse uma simples mercadoria, sujeita a ajustes financeiros, e não um direito fundamental. Enquanto servidores esperam por valorização, a gestão estadual segue impondo dificuldades burocráticas, empurrando soluções para o futuro e ignorando a realidade dos profissionais da educação, que lidam diariamente com salas de aula superlotadas, infraestrutura precária e baixos salários.
A decepção com a postura da governadora é ainda maior porque, durante sua trajetória política, Fátima sempre se posicionou como aliada dos professores. Hoje, no entanto, seus atos demonstram o contrário. Ao invés de priorizar o pagamento integral do piso e a valorização dos profissionais, o governo opta por parcelamentos que fragilizam ainda mais uma categoria já historicamente desvalorizada.
Falta de compromisso com a categoria
Além do piso, outro ponto sensível é o Plano de Cargos, Carreira e Remuneração (PCCR) dos funcionários da educação, que continua sem previsão de ser retomado. O secretário estadual Pedro Lopes afirmou que um cronograma será apresentado, mas não estabeleceu prazos concretos. Essa indefinição reforça o sentimento de abandono entre os servidores da educação, que veem seus direitos sendo tratados como promessas vagas e não como garantias reais.
A sinalização de um suposto avanço ficou restrita à regularização de pagamentos atrasados para professores temporários, referente ao 13º salário e ao terço de férias. No entanto, essa medida não passa de uma obrigação do governo e não pode ser considerada um avanço efetivo para a educação.
Professores rejeitam proposta
Diante da falta de avanços concretos, os professores da rede estadual se reuniram em assembleia logo após a audiência com o governo e, por unanimidade, rejeitaram qualquer proposta de parcelamento do piso. O SINTE/RN reforçou a cobrança por uma solução que contemple integralmente os direitos da categoria, sem atrasos e sem novas desculpas burocráticas.
A postura do governo Fátima Bezerra mostra que, apesar do discurso de valorização da educação, na prática, os professores continuam enfrentando os mesmos desafios de sempre: falta de reconhecimento, salários parcelados e promessas vazias. O que antes era um compromisso de campanha hoje se revela apenas mais uma estratégia política que desconsidera aqueles que são a base da educ ação pública no estado.
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